Dizem que os japoneses, quando restauram um objeto quebrado, preenchem a trinca com pó de ouro para enaltecer o fato que danificou aquele utensílio e para dar maior valor à história que causou aquela rachadura. Assim também pode ser a história de todos nós, onde cada lasquinha que perdemos com fatos da vida conta uma experiência que, restaurada, pode se tornar mais bonita e especial.
Muitas vezes nos decepcionamos com pessoas muito próximas, que até convivem conosco no dia-a-dia, mas nem sempre sabemos como lidar com estes acontecimentos.
Em casos extremos, há quem não se contenha tanto, reagindo com certa agressividade e deixando a situação mais grave ainda. Entretanto, dentro de um padrão esperado de humanidade, é comum vir à tona sentimentos de indignação e reações de descontentamento, com o risco de cometermos algumas injustiças com a pessoa em questão, ou piorarmos o quadro, com nossa reação intempestiva. Apesar de todo sofrimento, estes momentos exigem uma dose de autocontrole. Quando possível, o ideal é nos certificarmos dos motivos que originaram o problema, com um pouco de frieza, para sabermos exatamente o que aconteceu e não tomarmos decisões precipitadas. É interessante também esperarmos passar a fúria, para então, tentarmos um diálogo com quem ultrapassou e abusou dos limites de nossa tolerância.
Ressentimentos e tristezas não passam tão rápido, mas quando temos que conviver diariamente com nos magoou, quanto mais drástica nossa atitude, mas marcante a cena de discórdia a ser enfrentada a cada encontro.Por isso, situações difíceis pedem muito bom senso, lembrando que só nos decepcionamos com quem amamos ou temos vínculos.
Na realidade, desacreditar em quem confiávamos ou tínhamos admiração e afinidade, não é nada fácil e exige um esforço pessoal. Esforço este, necessário para que possamos tentar reverter um quadro difícil. Porém, é melhor ter um comportamento coerente e equilibrado, a provocar uma ruptura maior sem perspectiva de reconciliação. É essencial que o outro saiba de nossas frustrações e tente compreender nosso lado, através de uma conversa civilizada. Por fim, bom seria se todos tentássemos restaurar nossos relacionamentos com o mesma delicadeza com que os japoneses reconstroem seus objetos de estimação.
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