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Claudia Matarazzo e Gloria Kalil falam sobre a etiqueta em eventos de família, amigos e de colegas de trabalho

ESTILO

Consultoras dão 20 dicas de como se comportar em festas de fim de ano


Thaís Cavalheiro | 15/12/2010

Lucas Padua
Com que roupa eu vou? Posso levar um amigo de última hora? Fica mal retocar o batom em público? Dúvidas como essas costumam atormentar quem está se preparando para as comemorações de fim de ano. Para contornar as possíveis gafes no Natal e no réveillon, VEJA SÃO PAULO ouviu duas das maiores especialistas em etiqueta do país, Gloria Kalil e Claudia Matarazzo. De maneira simples e direta, elas ensinam o bê-á-bá das boas maneiras. E não falta experiência à dupla. Autora dos best-sellers “Chic”, “Chic Homem”, “Chic(érrimo)” e “Alô Chics!”, Gloria contabiliza a venda de mais de 300 000 exemplares de seus manuais. Desde 2007, Claudia Matarazzo está à frente do cerimonial do governo do estado de São Paulo e escreveu treze livros sobre o tema, entre eles “Etiqueta sem Frescura”, que, lançado em 1993, se encontra na 31ª edição. Confira o que elas dizem.
Festas em família e entre amigos
Crianças sempre ganham presente?
“Até 12 anos, é de bom-tom dar uma lembrança. Pode ser um brinquedo ou um livro, mas não é obrigatório”, diz Claudia. “Adolescentes não são muito fáceis de contentar. Como eles já lidam bem com dinheiro, uma graninha agrada muito.”
O anfitrião ganha uma lembrança?
“Se não for uma pessoa íntima, não é necessário”, opina Gloria. “Mas é delicado enviar flores no dia seguinte, com um cartão de agradecimento.” Para Claudia, um presente universal, como uma cesta de gostosuras (enviada um dia antes), um porta-retratos ou uma caixa bonita, sempre é bem-vindo.
Peça ajuda
Você, que já está abrindo a casa para a recepção, pode (e deve) solicitar aos convidados que levem um prato. “Mas faça isso com pelo menos três semanas de antecedência”, recomenda Claudia. Assim, as pessoas se organizam sem se estressar. Quem define o menu é você. Do contrário, o risco é ter mais de um tender ou sobremesas repetidas. Serviço à americana é a melhor opção para muitos convidados, já que dificilmente há lugar para todos à mesa.
E se o amigo da onça aparecer?
Não precisa virar a cara, mas cumprimente friamente. “Tentar ser muito civilizado é passar recibo de falsidade”, afirma Claudia. Se preferir evitar o encontro, sonde o anfitrião. “Como quem não quer nada, pergunte-lhe que turma está chamando”, recomenda Gloria. Assim, você fica prevenido. O anfitrião tem todo o direito de convidar quem ele quiser, mas convém fazer um mix agradável para garantir o sucesso da festa.
Como fugir do presente previsível?
Na hora da escolha, em vez dos chocolates de sempre, que tal oferecer preciosidades gastronômicas, sob medida para gourmets de ambos os sexos? Nessa categoria, encaixam-se azeites aromatizados, vinagres importados, pimentas, kits de tempero e, se o bolso permitir, um curso rápido de culinária com um chef estrelado. Para as mulheres, também vão muito bem um vale-day spa e cremes de todo tipo.
Vai topar com o(a) ex?
E daí? Se lhe passou pela cabeça fugir da situação, pense mais uma vez e não deixe que isso azede a noite. “Se você é o anfitrião, avise aos dois que foram convidados. Assim, eles decidem se devem ir ou não”, afirma Gloria. “Cada caso é um caso, mas, nessas horas, estão todos bem-arrumados e seguros de si. Em geral, as pessoas tiram de letra essas situações. Se o encontro for muito perturbador, saia de perto e divirta-se”, emenda Claudia.

Lucas Padua

A hora de ir embora
“Tem de ter o famoso desconfiômetro, do contrário vão te pôr na rua”, brinca Gloria. Se o café faz parte do serviço — e ele já está sendo servido —, essa é a senha, na opinião de Claudia. “Convém observar o comportamento dos convidados. Quando alguém começa a contar piadas e dá sinal de que está alegrinho demais, é hora de dizer tchau.”
Amigo sem convite
Só leve alguém de última hora se você tiver uma boa razão. “É o caso de um hóspede, de alguém que está sozinho”, ressalva Claudia. “Mas avise e pergunte se vai atrapalhar.” E prepare-se para uma recusa. “O dono da casa pode ter suas razões para dizer não, então não é o caso de se ofender”, pondera Gloria.
E as crianças?
Numa festa em família, espera-se que elas estejam presentes. Para Claudia, é sempre melhor se uma babá puder acompanhá-las. “Se seu filho estiver em idade de dormir cedo, peça licença para deixá-lo em um lugar sossegado da casa.”
Recuse com elegância
“‘Que pena, justo nesse dia vou viajar’ ou ‘Também estarei recebendo em casa’”, sugere Gloria como desculpas aceitáveis para evitar o constrangedor encontro com pessoas indesejáveis. “Afinal, uma festa não é uma condenação.”
Atraso é tolerável?
“Depende”, responde Gloria. “Se a festa for na casa do anfitrião, não tem tanto problema chegar uma hora depois. A coisa muda de figura se for num restaurante. Aí a tolerância é zero, porque é muito desagradável segurar mesa, garçons...” Para Claudia, o máximo de atraso permitido são quinze minutos. “Nesse aspecto, é melhor ser xiita. Os amigos não merecem ficar esperando. É desconsideração.”

Lucas Padua

Você dá a festa
O número de convidados deve ser adequado ao espaço disponível. Não é obrigatório que todos se sentem à mesa. “Para trinta convidados, é bom que vinte possam se acomodar em volta dela”, afirma Claudia. Os demais podem ficar no sofá e poltronas e, num sistema de rodízio (já que as pessoas circulam pelo ambiente), se aproximar da mesa.
Festa da empresa
Com que roupa?
O.k., a moda anda tão democrática que parece que tudo pode. Parece. Dica de ouro para as mulheres: evitem o look perua. Esqueçam fendas, decotes, transparências, qualquer coisa, enfim, que insinue sensualidade. “Claro que o estilo pessoal conta”, pondera Gloria. “Tem quem goste de exibir exuberância ou os que, na casa dos 50 anos, se sentem muito jovens. Tudo bem. Há roupas chiques para todos os estilos. E hoje existe tanta informação sobre moda que fica difícil errar.”

Lucas Padua

Capriche na maquiagem
O que não significa carregar no pó, na base e nas sombras. “Para um resultado natural, prefira produtos de textura leve, como os géis, que duram mais e não derretem no calorão de dezembro”, sugere Claudia. “Festa de empresa é área de trabalho, mas não é escritório”, lembra Gloria. “Então, faça um make diferente do dia a dia, mas com mão leve.”
Retocar o batom em plena festa?
Nem pensar. “Faça isso no banheiro, porque é um gesto de intimidade que não deve ser compartilhado com ninguém”, ensina Claudia.
Hora do presente, oba
Amigo secreto só tem graça com um mínimo de quatro pessoas. Quanto mais gente
participar, mais animada a brincadeira. Não gostou do mimo? Repita mentalmente, como um mantra: “É Natal, é Natal”. Faça um esforço para que o espírito festivo não bata em retirada. “Treine a cara boa”, resume Claudia. Assim, se você ganhar triviais cuecas ou meias, vai conseguir disfarçar a decepção. Sinceridade é uma virtude, mas não nessa hora.
Embalagem é tudo
Além de valorizar o presente, denota consideração. Então, descarte (e mande para a reciclagem) a original, se for do tipo saco plástico ou papel comunzinho. “Presente mal embrulhado é um desastre, dá a impressão de que você está passando para a frente algo que ganhou e de que não gostou”, opina Gloria.
Acerte na escolha
Roupas íntimas e perfumes dependem muito do gosto pessoal. Evite. Livros, sim, são uma aposta neutra. Gaste de acordo com o valor estipulado para afastar constrangimentos. “Mas, se você ganhar algo muito mais caro do que o combinado, não se sinta mal”, diz Claudia. “Entenda isso como um gesto de carinho e prestígio.”
Beber pode?
Sim. Mas a regra básica número 1, alerta Claudia, é jamais passar de um copo e meio. “Essa é a margem de segurança e não engorda (ainda)”, brinca. “Depois do segundo drinque, fica fácil perder o controle.” Em vez dos destilados, prefira bebidas mais leves. O álcool deixa as pessoas livres, leves e soltas. E aí, para um comportamento inadequado, tipo falar alto demais ou dar gargalhadas escandalosas, é um pulo. “Seu chefe, sim, pode beber à vontade, porque ele tem autoridade para demiti-lo, você não”, ressalta, bem-humorada, Gloria. No mais, beba, divirta-se. Com moderação, bem entendido.

Lucas Padua

Na casa do chefe
“Mantenha certa sobriedade. Afinal, não é uma festa tão descontraída quanto as ocasiões entre amigos”, lembra Claudia. Um presente vai bem? Sim. Pode ser um espumante, um bolo natalino ou algo mais personalizado. “Digamos que seu chefe seja louco por gatos. Neste caso, um livro sobre felinos vai agradar.” Se o convite for extensivo à família, prepare ambas as partes, para que haja uma adequação mútua. “Conte ao chefe quem vai — crianças, a mãe idosa etc. — e reforce ao pessoal de casa como se comportar.”

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