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A delicada arte de fazer amigos

Alguns relacionamentos são muito tranquilos e naturalmente evoluem para amizade. Contudo, em casa ou no trabalho, viver junto de alguém ou com determinados fatos pode significar constantes desafios. Nem sempre é fácil acertar os ponteiros, aceitar os defeitos do outro, assim como pode ser complicado que os demais entendam nossos pontos de vista. Aliás, acho que vivemos à base de diálogos com interpretações não muito bem definidas, associadas a mal-entendidos que tornam algumas ligações um pouco confusas, ao contrário de como gostaríamos que fossem. Porque para uma amizade ser verdadeira e plena é fundamental que haja sinceridade e transparência. Mas qual é a medida certa para que um discurso honesto não se torne ofensivo ou conote uma crítica destrutiva? Como saber quando é possível fazer um comentário, expressar nossa opinião ou definir qual o momento para apenas escutar e silenciar?


Penso que o tempo tudo ensina, tudo revela, e nem tudo restaura, mas talvez aponte o caminho ideal para situações específicas. A própria convivência é a grande via para se chegar a um consenso e é a melhor escola para treinarmos bons relacionamentos. Entretanto, não existe uma receita pronta para todos os casos. Para conviver bem com colegas, ou com um suposto amigo, é fundamental que olhemos para nós mesmos a fim de reconhecermos nossos pontos fortes e fracos, e tenhamos discernimento para fazer escolhas ou sugestões. Sem dividir situações comuns do cotidiano fica difícil avaliar limites, preferências, hábitos e manias.


É fato que regras de boas maneiras colaboram muito, mas o processo para um bom convívio é contínuo, pois o ser humano é imprevisível e surpreendente. Na realidade, estabelecer laços exige certo grau de amadurecimento, respeito, sensatez e paciência. Nesta mesma linha de raciocínio, com muita simplicidade, Fernando Pessoa expressa uma delicada e sábia reflexão sobre amizade que gostaria de compartilhar. Espero que apreciem!

Amigo Aprendiz
Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso, é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias…

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