Neurose ou grosseria? - artigo para o DS

Estela Maura   Etiqueta   Atualização ÀS SEGUNDAS-FEIRAS estelamauraresponde.blogspot.com
Segunda-feira, 07/10/2013 Neurose ou grosseria? Uma grande amiga postou semana passada, no Facebook, uma situação pessoal que sensibilizou a muitos dentro da rede social. Dona de uma personalidade sensível, gentil e educada, contou que estava tendo uma enorme dificuldade para conseguir entrar nos trens do metrô paulistano, devido à superlotação de passageiros daquele momento. Eram quase 7 horas da manhã e o apinhamento de gente não permitia a entrada de mais ninguém, em qualquer vagão que estacionasse naquele local. Deixou passar o primeiro trem, o segundo trem e no terceiro, com muita persistência e paciência, conseguiu embarcar. Foi difícil entrar, mas agora seu próximo desafio seria o desembarque na estação para a qual se dirigia. Foi aí que, com toda sua delicadeza, mediante aquele sufoco, pediu licença a uma senhora que fazia uso de fone de ouvidos (algo muito comum no metrô são pessoas escutando música em seu celular durante o trajeto). Minha amiga, na expectativa de uma reação solidária, teve uma surpresa. Intempestivamente, a senhora tirou seus fones de ouvido bufando e se dirigiu a ela com estes termos: “Se vira, sua gorda! Daqui eu não saio. Folgada!” - e recolocou o fone. Não ameniza o quadro, mas é interessante esclarecer que minha amiga não é gorda, e muito menos folgada. Porém, fica uma pergunta: o que faz alguém reagir dessa maneira? Por mais estresse, irritabilidade e preocupação que alguém possa ter, nada justifica tanta grosseria. Quem não tem problemas na vida? Ninguém tem o direito de jogar seus descontroles pelos ares, espalhando rispidez e falta de sensibilidade. Onde está a cidadania e o respeito ao semelhante?  Acredito que toda pessoa educada e bem orientada, desde sua infância, aprende como se comportar diante de situações adversas ou cotidianas. Além disso, a educação impõe determinados padrões de equilíbrio emocional.  Nossa sociedade está doente. É uma triste constatação, mas há uma grande parcela da população que não tem acesso a ensinamentos básicos para uma boa convivência. Faz falta, dentro da grade escolar, disciplinas que permitam que as crianças tenham contato com regras de civilidade e hábitos sociais saudáveis. Algumas escolas se preocupam e exigem um bom comportamento do aluno, mas não são todas.  Boas maneiras não se aprende da noite para o dia, mas sim através de simples orientações e correções diárias. Explodir por nada é não saber se controlar diante da vida, o que revela grandes lacunas na educação de nosso povo.